De manhãzinha vou bulir, estou a bazar para a estação
Vejo um dread a fugir com uma mala na mão
Uma cota atrás a subir, grita "agarra o ladrão"

Mas não é nada a ver comigo, não tenho moral para opinião
Cabeça dá-me a pressão, para ir fazer o mesmo
Porque sei que ele ganha mais que eu no meu emprego

Mas deixa-me ficar no meu canto com o meu sossego
Porque eu já senti o stress que ele também sente
E eu não tenho tempo para brincar ao Sem Medo

Nem pôr lágrimas na face da minha mãe desde
Que começa a visitar o filho que ela tem dentro
E mesmo que lhe custe a vida eu sei que vem sempre

Por isso eu nem tento, permaneço bem ciente
Sem inveja de quem rouba nem de quem vende
Acordo bem cedo, bulo com empenho sempre

E quando chega o fim do mês eu nunca venho teso
Boy não há meio termo, mas ainda magoa, uma pessoa
Que cresceu contigo a desperdiçar a vida à toa

A fingir que está na boa, a sorrir na kuzu
E tu pensares que esse gajo podias ter sido tu
De já teres tido uma krew, mas isso estar no passado

Porque só tu e mais poucos ainda estão deste lado
O resto está enterrado, o resto já foi fechado
O resto está emigrado, o resto está tão drogado

Está tudo tão estragado que eu só quero ir para fora
Cagar de alto nesta merda, começar vida nova
Já ninguem quer ir para festa para mamar birra e vodka

Hoje festa só é festa com MD na carola
Clima na zona está foda, alguns dizem que é praga
Aparece bófia a toda a hora, eu digo que é karma

Ninguém ergue a sobrancelha quando há tiro e facada
Carrego o peso da Reboleira, alguem que me limpe a alma.


REFRÃO:
Tanto mano a ir, tanto mano a vir
Tanto mano a voltar, tanto mano a cair

Já vi tanto mano a ir, tanto manoo a vir
Tanto mano a voltar, tanto mano a cair
Mano pensa se queres ir, voltar e cair também

Mano pensa se queres ir, voltar e cair também
Mano pensa se queres ir, voltar e cair também


Há pouco vi no espelho um homem com 25
Que passa a vida a beber birra, vodka, vinho tinto
Que vive na Terra do Nunca com a Sininho

Apercebi-me que nem um homem de vinte eu tenho sido
Na street eu tenho visto povo com a conta tesa
Cá se diz que está fodido e que a fronta é certa

O peepz só quer dar speed e deixar montra aberta
Não é à toa que tenho de comprar mais roupa preta
Eu vejo povo na merda, a roubar para gastar na farra

Droga, cabra, bebida que afoga mágoa
Bandida que fode por paka, com piça que está infectada
Conquista bué namoradas, e pina à destapada

Engravida já não quer nada, sem pica para trocar fralda
Nem guita para comprar papa mas grifa sempre de marca
Nem tira nem quer a carta, mas pisa o pedal na estrada

E gira a dar mãozada na Lisa até que se mata
O digra atrás da paka, polícia que está na caçada
Cobiça que fode a jogada, justiça que é atrasada, postiça como essa farda

Mais prisa, pena pesada, notícia encarada com normalidade parva
Então, pára...Pensa uma beca
Tu não tens que levar a mesma vida que ele leva

Tenho noção que tudo o que conheces é esta merda
Mas evita que seja o único que o teu filho tambem conheça mano.


REFRÃO
Tanto mano a ir, tanto mano a vir
Tanto mano a voltar, tanto mano a cair

Eu já vi tanto mano a ir, tanto manoo a vir
Tanto mano a voltar, tanto mano a cair
Mano pensa se queres ir, voltar e cair também

Mano pensa se queres ir, voltar e cair também
Mano pensa se queres ir, voltar e cair também


Vim do bules e vi o dread que tinha a mala na mão
A entrar na carripana para parar na prisão
O povo atropela-se todo para a agarrar o cifrão
Hoje em dia dez euros chega para chibar o irmão
Deixam-se levar pela ilusão, tipo que a vida é certa

Mas do crime para a prisão, só se caminha em recta
Quem não viu tanta fezada que era tiro e queda?
Mas quando a cena estalou só deu foi tiro e merda.